Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Pablo Neruda

Mundo, transição e indivíduo

Dentro deste limitado espaço onde morremos pouco a pouco
Definhamos, aparentemente, sem sentir muita dor
Às vezes despercebidamente.

Os dias se apresentam como cada partícula que se esvai no vento
E com o passar das primaveras temos a sensação de um rejuvenescimento às avessas

A natureza é cruel e nada pode detê-la
Ainda que se criem milhares de artifícios
Não podemos mudar seu curso inevitável
O que nos resta é apenas viver e relutar

Envelhecemos

...

Hoje esqueci de mim

Ontem também
Na verdade  tenho me esquecido
durante os últimos 21 anos

Poema despedido

Vá... voe
E não chore
Nem fique triste
Apenas sinta saudade
Dos dias alegres e breves

Vá... soe
Como um brado
De liberdade
Apagando todas as máculas d’antes
Com sua intrepidez sem igual

Vá, vou lembrar de ti.
De tudo.
De nós dois
Lembrar que senti
Milhares de ti
Em cada momento,

Em mim.

Epicrises

Deito
E descanso meu corpo cansado
Do dia-a-dia ácido
Que hoje esbarra meu peito

Durmo
Sonho em minhas noites insones
Na inércia de continuar andando
Que me faz sentir luto

Acordo
Reluto e n’um vulto déjà vu,
Outra epicrise.

Pedaços

Vejo nessas letras
Algo que me faz crer que não são apenas letras
Talvez sejam recortes de tecido
Com os quais se costuram partes de mim
                  
                                                       
                          

Poema esférico

Já faz tempo

Mas muito tempo
Que flerto com o tempo
Ele me embevece
Me alegra e me abate
Mas não me agride
Faz-me vislumbrar algo novo
Mas de “novo” ele não tem nada
Nem de antigo
Na verdade, não gosto de vê-lo assim
Cronologicamente:
Progressivo ou retrógado.
Pois, ele não passa
Somos nós que passamos
Mudamos e transcendemos

E agora, estou assim, atemporalmente sujeito.

                                 

Inferência

Os dias já não suportam as noites entristecidas

As amarras já não os prendem
Os sonhos já não nos têm sentido algum
As horas passam longínquas

Onde estamos ? E como estamos?
Jogados, soltos ao mundo.
Quase nietzscheanos.

Sem um farol a guiar-nos
Sem causa, sem medo, sem chão.
Sentindo ainda nossa efêmera existência a vagar.
Oscilantes.. 
                                                                    

Murmúrio

Quantas cartas que não chegaram,
Quantas noites sem espera,
Quantas lágrimas não choradas,
Quanto pezar sem lamento,

Tanta dor sem sofrimento
Quanto às alegrias não vividas
Tantas ilusões não pensadas
Quanto à escassez no gozo e na abundância

Tanto esforço no ócio,
Tantas chagas que não sangram.

São desejos não desejados
São risos que não ri
São vidas que não vivi

de volta

Depois de bastante tempo sem acessar este blog e sem realizar novas postagens(aproximadamente dois anos!),depois de idas e vindas por aluguns lugares e sem a companhia de várias pessoas que eu conhecia,mas ,agora cercado por novas pessoas com as quais tenho aprendido e "desaprendido" muitas coisas, resolvi voltar e colocar nesta página algumas poesias que raramente escrevo e outras de alguns autores que gosto.

O tempo passa e é inevitável que as pessoas mudem,comigo não poderia ser diferente.Isso se reflete de modo claro nas idéias,nos valores ,nos sentimentos e na atitude que temos diante das pessoas e do mundo.Não sei ao exato dizer se melhorei como pessoa ou se tornei-me pior, pois, não penso sob essa perspectiva maniqueísta de enxegar as pessoas.Porém,admito que perdi bons hábitos e adquiri ,nesse meio tempo, algumas virtudes.

Enfin,quero apenas através deste,expressar o que às vezes sinto vontade de compartilhar abertamente com todos.